Swimsuit Forever

O corpo de Barbie é uma das coisas mais comentadas na história dos brinquedos infantis. Ele não foi o único, tampouco o primeiro a representar o ideal de mulher pela cultura estadunidense e pela padronização do corpo feminino, inserindo isso tudo no universo das crianças. Qual o segredo do sucesso e da popularidade da boneca? Não há uma resposta para esta questão, mas várias. As roupinhas de banho estão no topo da lista. Não é à toa que as primeiras bonecas, nos tempos dourados barbíesticos, chegavam apenas com o maiô, acessórios e um mini-catálogo de roupinhas. Era economicamente viável vender as peças mais elaboradas separadamente e muito mais instigante exibir Barbie, a figura de uma jovem modelo, vestindo um maiô. Ele valoriza as curvas, atrai sem dificuldade o olhar das crianças, provocando-as na imaginação a sonhar com o troca-troca das futuras roupinhas...

1959, 1962, 1965, 1967 e 1971

Tricotando...

Em homenagem a esta discussão, Brígida realizara alguns registros de coleção pessoal para admirarmos a trajetória de uma peça tão icônica para o roupeiro de Barbie, focando nas roupas de banho no surgimento da boneca, o clássico da década de 60, passando pelas grandes mudanças de molde, tom de pele e de corpo, até a imagem da Barbie que temos hoje, eternizada no início da década de 70 com a introdução no mercado do primeiro tom de pele bronzeado.

Esta viagem pelas roupas de banho barbíesticas começa com o maiô de zebra, o mais lembrado de todos. E o maiô de helanca que também se tornou extremamente popular na primeira década de sucesso de Barbie. Ambos já receberam postagens exclusivas aqui no blog, quer conferir? Clique e leia as seguintes tricotagens: O famoso maiô de zebra e Um democrático maiô chamado helanca.



Túnel do tempo: Os maiôs de Barbie

1959. ZEBRA

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Ponytail Barbie #1 Reproduction | 2009

O maiô de zebra aparece com a primeira Barbie em 1959, as Ponytails #1 e #2, a pioneira com seu emblemático rabo de cavalo. É vestido também pelas Ponytails #3, #4 e #5 e as primeiras Bubblecuts, o pioneiro corte de cabelo curto da boneca, todas estas fabricadas entre 1960 e 1961. É notória a harmonia que esta peça tem com a palidez do tom de pele das primeiras. Eram feitas de um vinil pesado com o famoso cheirinho de crayon e ficavam cada vez mais pálidas com o passar do tempo. 

Este icônico maiô era tramado a partir do tricô, misturando lã, algodão e fibras sintéticas. Ele estica e se adapta muito bem ao corpo de Barbie, mas com o tempo ele estica e pode desbotar diante de maus cuidados. Além de ser emblemático, é fácil de comprá-lo.

1962. HELANCA

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White Ginger
Bubble Cut Barbie, 1961

O maiô de helanca aparece com as Bubblecuts posteriores, o icônico corte no formato de bolha, referenciando as divas da época, como Liz Taylor, Sophia Loren, dentre outras vedettes que esbanjaram elegância de cabelos curtos. É vestido também pelas bonecas com o rabo de cavalo produzidas a partir de 1962 - #6, #7 e #8, inclusive a Swirl Ponytail. É um maiô produzido a partir de fibras de nylon e poliéster, além de possuir elasticidade e se ajustar perfeitamente ao corpinho de Barbie. 

O modelo na cor vermelha foi produzido em larga escala e é fácil de conseguir. As variações em outras tonalidades são mais raras.

1965. AMERICAN GIRL

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American Girl Reproduction | 2010

Conhecido entre os colecionadores mais antigos como o traje da American Girl, o maiô turquesa com as listras coloridas, predominando um tom claro de rosa, foi divulgado como peça principal da Barbie que podia dobrar as pernas: Bendable Leg Barbie. A imagem de Barbie com este maiô representou uma mudança referencial importante para a indumentária de Barbie, a procura por um visual mais elegante e que projetava a boneca numa situação de refinamento e jovialidade. 

O slogan de Barbie em 1965 era "The Barbie Look" e, segundo muitos colecionadores da era vintage, é o momento de maior riqueza e opulência na produção japonesa de roupinhas para a diva.

1967. TNT

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TNT Barbie reproduction | 2009

Lê-se: Twist 'N' Turn. Uma verdadeira revolução para a história da Barbie e o ponto inicial de um novo período fashion compreendido como a era MOD. A boneca TNT possui as pernas que dobram e a novidade do ano, a cintura que gira. Foi intensamente divulgada como um corpo de maior realismo em seus movimentos. Foi significante em vários patamares de representação, além de ter um rosto que deixou de ser a madame para ser a prima descolada, coincidiu também com o boom do futurismo na moda e do auge de inúmeros estilistas na alta costura que estavam desconstruindo ideias de estrutura, acabamento, cintura, gola, etc, trazendo um novo corpo para a moda e brincando com formas e cores. Não temos aqui um maiô, mas sim um bikini laranja coberto por uma tela vazada e branca com acabamentos também laranja.

Já conferiu o divertido comercial da TNT no nosso canal? Clique aqui e confira esta pérola sessentista.

1971. MALIBU

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Malibu Barbie Reproduction | 2009

O primeiro grande momento de Barbie na década de 70 e uma das últimas bonecas fabricadas no japão, a Malibu foi a primeira a ter uma pele bronzeada, carregando consigo características de uma jovem da costa oeste dos EUA. Cabelos platinados que capturam a luz do sol, o físico praiano e o roupeiro despojado. A popularidade de Malibu com o público foi tão grande que inúmeras bonecas posteriores a ela fizeram referência e esta influência está por trás do imaginário popular sempre associar a figura da Barbie a uma mulher loira, magra e ociosa. O pensamento simplifica a trajetória da boneca, pois se trata também de uma maneira de rejeitar a cultura das socialites de Los Angeles com o estereótipo da superficialidade e da ociosidade. Malibu carrega em si algumas dessas características por uma questão geográfica, mas não podemos esquecer o lema do qual surgiu a boneca duas décadas antes, quando Ruth comenta a importância na vivência de que uma mulher deve ter escolhas. Malibu escolheu pelo deleite e veste um maiô azul piscina em nylon.

Fontes e sites recomendados para o colecionador iniciante:
http://www.fashion-doll-guide.com/
http://www.myvintagebarbies.com/id.htm
http://www.dollreference.com/barbie1.html
http://www.vintagebarbies.net/

Swimsuit forever !

Esta tricotagem fica por aqui.

Até a próxima, darling ! <3

Um democrático maiô chamado Helanca

previously on  Barbie's melodrama.

Nosso último encontro enalteceu o aparecimento dos Fashion Paks, o projeto iniciado em 1962-1963 para vender roupinhas mais baratas e ampliar o roupeiro de Barbie. Nos três

primeiros anos dourados, 1959-1961, os trajes vendidos separadamente eram elaborados, pregados numa embalagem atraente para atrair o olhar das crianças. Algumas

Fashion Pak: In The Swim, de 1964
Meu maiô de Helanca favorito.

acompanhavam casaco de pele e até belas joias que adornariam o corpinho dela. Contudo, tal sofisticação exigia um preço que não poderia descer abaixo do custo de produção. Um valor que limitaria a coleção de muitas crianças.

Os Fashion Paks - clicar no vermelho para acessar às notas passadas a respeito e ao comercial legendado no nosso canal - trouxeram a possibilidade de vender peças simples como uma camiseta casual ou pares de calças, assim como acessórios, bolsas e sapatos. Tudo isso separadamente por um preço muito menor. A criança poderia escolher diferentes cores e criar combinações a partir das peças separadas. Algo que não era viável quando cada roupinha vinha completa com acessórios específicos. 

A ideia foi inovadora e aumentou a popularidade da boneca.

Today is the helanca swimsuit day.

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Fashion Pak: Maiô de Helanca azul,
tamancos dourados e óculos de sol.

Uma peça icônica a qual dedico esta tricotagem matinal. Entre as peças que faziam sucesso sendo vendidas separadamente, o maiô de Helanca se destacava e estava disponível em diferentes cores. Algumas delas são mais difíceis de encontrar hoje. Este maiô é especial para a história da boneca e a sua versão vermelha foi produzida em grande quantidade, fatos que implicaram na sua popularidade: combina com a maioria das peças, outfits completos e é fácil de achar por um bom preço. Esta benção se deve ao fato de que ele substituiu o icônico maiô de zebra de 1959, clicar para admirar o advento da primeira roupa de banho barbíestica, e se tornou o maiô oficial das Ponytails e das Bubble Cuts até 1966.

A boneca surge da ideia de uma jovem modelo que começa uma vida de bafos, de glamour, de sucesso na vida profissional e amorosa. Era interessante destacar na vitrine algo que mostrasse como Barbie era diferente das outras bonecas naquela época, sendo este diferencial claramente as curvas do seu corpo. A boneca sempre é lembrada por ser extremamente esguia, alta e ter os peitos grandes. Uma sacada foi ela na vitrine com roupas de banho, detalhe que acentua as curvas do corpo. Além de ser interessante economicamente, pois os maiôs eram mais baratos de serem produzidos em comparação aos outfits completos. 

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Swirl Ponytail veste maiô
de Helanca vermelho, em 1964

Na vitrine, a primeira peça de banho que Barbie vestiu foi o maiô de zebra. Ele acompanhou as primeiras bonecas com o rabo de cavalo, as mais valiosas hoje no mecado de colecionadores - #1, #2, #3, #4 e #5 - leia mais sobre as ponytails aqui, e a primeira Barbie de cabelo curto - a Bubble Cut. Com o advento dos Fashion Paks, as mudanças no roupeiro de Barbie trouxeram a sua segunda peça de banho, o maiô de Helanca. As Bubbles de segunda tiragem, Barbie do cabelo curto e no formato de bolha, vestiam Helanca e também as ponytails #6 e em diante, estas bonecas foram fabricadas apenas entre 1962 e 1966. Menciono em especial a Swirl Ponytail que surgiu em 1964, modificando completamente a franja das anteriores e as possibilidades nos tons de batom e cor de cabelo. Um ano emblemático para a coleção de Barbie, família e amigos: tínhamos já Skipper, a irmã dela, Midge, a melhor amiga, o namoradinho Ken e finalmente Allan, o boy de Midge. O universo vintage celestial, o double date clássico dos anos 60 com direito a uma irmã pentelha.

My favorite Helanca swimsuit

Coleção da Brígida

Também divulgado como swimsuit em Jersey, a material em Helanca nestas roupinhas de banho se ajusta muito bem ao corpo. Feito de fibras de nylon e poliéster, trata-se de um tecido cuja elasticidade favorece o movimento nas articulações do corpo da boneca e tem a textura opaca que sugere elegância mesmo num momento mais casual. Foram disponíveis primeiramente em vermelho, preto e azul marinho. Em seguida, variações como a versão pink e a laranjada surgiram para os fashion paks "In the swim", de 1964. Não se recomenda lavar este maiô com produtos que contenham alvejantes, nem com máquinas de lavar.

Conforme a identificação de Sarah Sink Eames, no seu livro "Barbie Fashion: The Complete History of the Wardrobes of Barbie doll, her friends and her family", a imagem abaixo indica a produção dos maiôs em Helanca entre 1962-1963 com as três possibilidades cromáticas. O splash da diva com seu novo roupão de banho em material mais maleável e casual sem perder os detalhes riquíssimos na trama do tecido e no corte e costura dele.

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Crédito à Sarah Sink Eames.

A popularidade do maiô de Helanca em 1964.

Até a próxima, darling !

Por dentro dos Fashion Paks

Uma peça pode ter inúmeras possibilidades, 1962-63

O sucesso de Barbie no mercado de brinquedos implicou uma demanda de produção que crescia exponencialmente. Ruth Handler, a mulher pioneira por trás de Barbie, contratou a professora de moda da Los Angeles Chouinard Institut Charlotte Johnson para realizar o design dos primeiros looks que adornariam o corpo da boneca. Charlotte, foto à esquerda, era vista pela família Handler como a personificação da elegância de Barbie. 

E isso não era tudo, a designer foi visionária nas próprias conquistas, acompanhando com muito cuidado a produção das primeiras roupinhas no Japão, assegurando a sofisticação de detalhes em abotoaduras, zíperes, etc. Tudo era feito manualmente por donas de casa japonesas que trabalhavam em seus lares. Elas recebiam os tecidos para aplicações e bordados, depois enviavam os pedidos finalizados às fábricas e distribuidoras japonesas que embalariam as roupinhas para venda. Este preciosismo da produção - nos anos 60 - é algo que enaltece o roupeiro de Barbie e a torna um objeto também artístico cujo valor de antiguidade pode hoje alcançar fortunas. Aquela foi uma das primeiras estratégias de produção da Mattel executadas no fim da década de 50. Barbie foi introduzida no mercado por meio do festival de brinquedos de New York em 1959, como forma de testar a opinião do público e tentar prender a atenção de algum magnata do mercado de brinquedos que poderia vir a patrociná-la. 

Então, Barbie chega às lojas vestindo o famoso maiô de zebra, a sua primeira peça de banho, e, com ela, 22 outfits poderiam ser comprados separadamente. Roupinhas detalhadas, manufaturadas com a sofisticação japonesa, a partir do design de Charlotte Johnson. Contudo, era preciso ainda criar uma maneira de tornar o guarda-roupa da diva mais acessível. A estratégia seguinte tomada pela Mattel pode ter sido o passo decisivo para popularizar a imagem de Barbie: a introdução no mercado dos Fashion Paks.

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Barbie Fashion Bar: o mostruário de Fashion Paks

Não estamos admirando nesta imagem apenas um cabide com roupinhas em envelopes penduradas no que Mattel intitulava Barbie Fashion Bar, tratava-se de algo muito maior - um projeto de tornar a compra das roupinha para Barbie algo comum, barato e inteligente. No início, os outfits completos poderiam chegar a $4, algo que para a época era caro e, por conseguinte, ficava restrito em inúmeras famílias à ideia de recebê-los em festividades ou por trás de algum motivo especial. A revolução veio sob a forma de pequenos pacotes que, ao invés de looks completos, continham uma peça ou acessórios que custavam a partir de 80 centavos.

Com uma apresentação simples e eficiente,
os Fashion Paks poderiam ser pendurados como cabides
e eram a isca das crianças em mostruários giratórios.

Conforme a identificação de Sarah Sink Eames, no seu livro "Barbie Fashion: The Complete History of the Wardrobes of Barbie doll, her friends and her family", o trunfo era reunir duas características tão tentadoras, a qualidade téxtil e o preço econômico. Com os Fashion Paks, inúmeras combinações poderiam ser feitas a partir dos mais variados acessórios. Haviam pacotes com roupas básicas, sandálias em diferentes cores, acessórios como luvas, brincos e bolsas. Peças que mantinham um design e proporcionavam muita harmonia estética, independentemente da combinação feita.

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Referência Fashion Paks, no livro de Sarah Sink Eames

"Misturar e Combinar", o conceito de 1963

A inventividade que os Fashion Paks permitiam às crianças aumentou ainda mais a popularidade de Barbie e a demanda de criação de novas peças. O conceito da venda de peças separadas foi intitulado Mix N Match pela Mattel e foi altamente divulgado como uma maneira de tornar acessível a compra e mais versátil o guarda-roupa da boneca. As crianças poderiam agora adquirir das mais variadas peças para poder 'misturar e combinar', criando novos outfits e exercitando a imaginação. No fim de 1962 e ao longo de 1963, inúmeros paks e gift sets Mix N Match foram criados a partir da facilidade em vender as peças separadamente. Alguns deles brilharam nos comerciais produzidos especialmente para este conceito. Confira um deles legendado abaixo na nossa TV Barbíestica...

Com qualquer peça que desejar, misture e combine você também.... Até a próxima, darling !

Notas sobre o icônico rabo de cavalo

Em homenagem ao aniversário de 57 anos da nossa icônica lady Barbie, este texto se dedica a comentar alguns aspectos importantes sobre o penteado usado pela diva durante os primeiros anos de sucesso com a criançada cinquentista. Sabemos que ela foi apresentada por Ruth Handler em 9 de Março de 1959, numa feira de brinquedos em New York e que os entendidos aos quais Ruth pediu opinião sobre a boneca foram incisivos em desanimá-la. A pioneira por trás de um dos brinquedos mais vendidos de todos os tempos não poderia desistir assim, Ruth precisou ter a garra e a confiança no brilhantismo de tal criação para poder seguir em frente. Curiosamente, ela estava certa. 

Apesar dos magnatas do comércio de brinquedos desacreditarem no potencial de Barbie, cada menina que chegou à convenção de 1959 fez a mamãe levar para casa uma Barbie - Teen Age Fashion Model. A boneca que permitia a imaginação daquelas crianças irem além de brincar de ser mãe e projetava a figura de uma mulher independente.

#HappyBirthdayBarbie

Conhecida em inglês como Ponytail Barbie, isto é, a Barbie do 'rabo de cavalo', ela se lançou ao comércio acompanhada de uma caixa em que se lia o seu status de modelo, o famoso maillot de zebra (clique aqui para ler mais sobre a primeira peça do vestuário de Barbie em post especial a ele), sandálias pretas, óculos de olho de gato e brincos dourados de argola. No ano de lançamento, por volta de vinte roupinhas separadas foram fabricadas e variavam de um a quatro dólares, cada outfit. Nos anos seguintes, mais bonecas com o rabo de cavalo foram fabricadas. No entanto, o projeto mudava e, com as diversas experimentações feitas no vinil da época, a Barbie de 1959 não era mais a mesma em 1960, menos ainda em 1963, assim por diante... eis a questão:

Como identificar o rabo de cavalo?

Acervo de Brígida:
Ponytail Barbie #1 Reproduction by Bill Greening | 2009

É importante salientar que uma Barbie em boa condição no seu rabo de cavalo tem um alto valor mercadológico entre os colecionadores da Era Vintage - isto quer dizer a produção da Mattel no Japão de 1959 a 1967 (vide Sarah Sink Eames). Mesmo se o rabo tiver sido desfeito com o tempo, refazê-lo não é nenhum mistério de outro planeta.

Todo colecionador que se preze precisa saber que o primeiro passo da identificação se encontra na marca de registro do bumbum e nos pés da diva. Antes de mais nada, vá conferir se diz Japão em um dos pés dela. Caso contrário, ela não é sequer uma boneca Vintage.

Como forma de referência, as bonecas do 'rabo de cavalo' são numeradas conforme a lógica cronológica de produção. Ou seja, quanto menor for o número da sua boneca, mais antiga ela é e maior é seu valor mercadológico. Encontramos Ponytail #1, #2, #3, #4, #5, #6 e #7. Sim, são muitas variações, mas não fique de cabelos em pé: ainda que seja extremamente meticuloso o trabalho de identificação, ele não será um problema se tiver na cabeça as características abaixo e se puder também entrar em contato com os grupos de ajuda no facebook, no caso da boneca apresentar mistérios para além de nossa vã 'blogsofia'.

1959 - Ponytail #1: Esta é o Santo Graal dos colecionadores e pode custar o preço do seu automóvel, pois se trata da primeira Barbie lançada e data exatamente de hoje - 57 anos atrás. Ela esteve disponível apenas com cabelos loiros ou pretos, sob o código #850.

Característica marcante: Este tesouro possui cavidades no peito de ambos os pés em que se encaixa uma haste de metal que, por sinal, consegue mantê-la de pé, deixando sua cintura livre. O problema disso é que com o tempo causava manchas e hoje praticamente ninguém enfiaria o metal nos valiosos pés.

Pintura do rosto: Com uma expressão dramática, foi a única Barbie a ter uma sobrancelha extremamente fina e arqueada. Impossível de não reconhecê-la por conta desta característica e da palidez em seu tom de pele. Seus olhos têm íris branca e o contorno do delineador é carregado. Neste momento, ela parecia ainda muito próxima de sua ancestral alemã Bild Lilli até que seu visual foi enxugado para projetar menos erotismo, sensualidade e mais valores de ingenuidade e doçura, algo típico da sociedade americana da época. Lábios vermelhos e blush também fazem parte do seu rostinho.

- Ponytail Barbie nº UM
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1959 - Ponytail #2: Esta é exatamente como a #1, mas possui uma característica que a indica como a segunda leva da produção no mesmo ano. Já sabe qual é? Não é difícil. Você tem uma #2 se ela parecer a #1 mas não tiver a entrada nos pés para o suporte, pois ela era acompanhada de um novo suporte. Este que a mantinha em pé a partir da cintura, assim como a maior parte das bonecas atuais. Confira as fotos e verão que não mudou quase nada em termos de apresentação da mesma.

- Ponytail Barbie nº DOIS
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1960 - Ponytail #3: Depois das #1 e #2, é provável que ESTA e o número seguinte sejam as queridinhas dos colecionadores Vintage, pois representam a primeira transição emblemática na pintura do rosto de Barbie. Ela deixa aqui de ser a garota sensual que vestiria Solo in the Spolight para cantar no botequim e passa a ter a expressão facial de uma dona do lar que provavalmente cozinha muito bem e toma uma taça de Chardonnay depois de cada tarefa cumprida.

Característica marcante: A palidez da pele em combinação com a sombra marrom nos olhos fazem desta Barbie um tesouro de mistério, maestria e altíssimo valor mercadológico. Elas estiveram disponíveis loiras ou morenas e com olhos azuis pela primeira vez. Assim como as #1 e #2, a #3 tem um corpo pesado e sólido que tem o cheiro forte de crayon, aquele giz de cera que você usava na escola, lembra?

- Ponytail Barbie nº TRÊS 
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A Barbie #3 pode ser um mistério para muitos porque elas tinham a sombra marrom ou azul nos olhos. As sombras azuis foram menos fabricadas e, dificultando ainda mais a nossa vida, acontecia da Mattel utilizar parte de corpos de épocas diferentes numa mesma leva, o que pode confundir. É preciso de consultar todos estes detalhes para chegar perto de poder identificá-la.

1960 - Ponytail #4: Assim como a leva anterior, a Barbie #4 apresentava os novos traços de um figura feminina mais delicada. O ponto marcante desta leva é o fato da Mattel ter experimentado um novo tipo de vinil que não deixava o tom de pele ficar pálido com o tempo. Ou seja, informação importantíssima. As #1, #2 e #3 são encontradas hoje com alto teor de palidez, ao contrário das valiosas #4.

Característica marcante: Não possuir sombra marrom e ter um tom de pele bem mais realista. O auge em termos de franja com cachos, chamado também de franja poodle.

- Ponytail Barbie nº QUATRO
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1961 - Ponytail #5: Diferentemente das bonecas anteriores, a #5 marca uma mudança por parte da Mattel em termos de utilização do vinil para produção. A #5 não possui um corpo sólido como as anteriores, mas ao invés disso possui um corpo chamado de hollow que também pode ser entendido como 'corpo oco'. Ou seja, feito provavelmente numa máquina de moldes, não ocupando o interior da boneca e, por conseguinte, economizando matéria-prima.

Característica marcante: A transição da franja que antes era poodle e foi aqui substituída por cachos menos delineados. Primeira com rabo de cavalo disponível também ruiva. Também conhecida como a Barbie problemática, pois com o tempo o vinil do rosto lhes dava a impressão do que os colecionadores chamam de greasy face, isto é, uma aparência de oleosidade que é difícil de ser contornada.

- Ponytail Barbie nº CINCO
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1962~1964 - Ponytail #6/#7: Estas foram as últimas Barbies com rabo de cavalo a serem produzidas pela Mattel. São chamadas de ponytail tardias e as primeiras a terem diversas variações de tom de cabelo, especialmente variações de loiro como ash blonde e lemon blonde.

Características marcantes: As primeiras bonecas que vestiram o maillot de helanca vermelho, pois todas as ponytails anteriores vieram na embalagem original vestindo o de zebra. Em termos de identificação, é importante conferir a marca Midge nestas bonecas e o fato de que elas tinham o rosto mais cheio que as anteriores e com um leve aspecto quadrado no formato do queixo.

- Ponytail Barbie nº SEIS / SETE
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Diferença entre #6 e #7: Estes dois números de Ponytail Barbie são sempre colocados em comunhão, pois se trata de edições idênticas que variavam apenas na marcação de registro. Se o bumbum da sua boneca diz Midge e não tiver a palavra "patented", você tem uma #6 do início de fabrição. Se tiver marcado Midge e também a palavra "patented", a sua Barbie é considerada #6 tardia ou #7, tanto faz.

Espero que tenham apreciado a tricotagem deste dia tão especial. Deixo aqui o meu brinde em homenagem à pioneira Ruth Handler,

with all my love for Barbie.

O famoso maiô de zebra

A primeira nota de jornal de Barbie.

Muito antes de se tornar o sucesso de público e uma das imagens mais icônicas na cultura pop, Barbie era uma boneca feita para ser amada e brincada pelas crianças americanas no final da década de 50. Seu sucesso não era previsto. Pelo contrário, a moda dos bebês chorões assustava o marido de Ruth Handler, que aconselhava Ruth incansavelmente de abandonar a ideia, visto que uma miniatura feminina exuberante e peituda poderia ser alvo de polêmica. Ruth não desistiu, pois acreditava na importância daquelas garotas terem a imaginação estimulada. Barbie é a prova que uma mulher deveria ter escolhas, dizia a pioneira por trás da boneca. A empreendedora levou a criação a um festival de brinquedos em 9 de Março de 1959.

A primeira nota de jornal divulgou a boneca, seu preço inicial e algumas características que a tornariam mais tarde uma relíquia e a boneca mais desejada entre os colecionadores vintage. O cabelo em rabo de cavalo lembrava os penteados das revistas de celebridade, o corpo esculpido com realismo acompanhava suporte com fixação que a permitia ficar em pé sem auxílios, membros articulados.

Confira o primeiro comercial televisionado da Barbie.

Como pôde conferir na nota do jornal e no comercial, tem uma peça emblemática no vestuário da boneca que participou da sua entrada triunfal no mercado de brinquedos e se tornou fundamental para o roupeiro dela - de uma "Teen Age Fashion Model".


O maiô de zebra, 1959


A primeiríssima Barbie é lembrada pelo cabelo icônico em rabo de cavelo, conhecida como Barbie Ponytail #1, mas principalmente por vestir um maiô (etm. francesa maillot) listrado, preto e branco, em jersey, remetando a um tricô perfeito para primavera/verão de temperaturas amenas. Sandália preta, aberta, salto alto. Acompanha brincos dourados de argola e óculos de sol, armação "Olho de Gato" (Cat Eye) branca com lentes azuis.

Arte do primeiro catálogo de roupas da Barbie que disponibilizou uma referência do seu look inaugural.

                                                       

As bonecas eram acompanhadas de booklets, mini-folhetos com ilustrações que ajudavam as crianças a identificar a série de roupinhas que eram produzidas para a boneca em cada temporada. A ilustração acima é da página 1 do primeiríssimo booklet, incluído no fundo da caixinha da Barbie que inaugurou esta história, uma boneca muito singular naquela época. À esquerda, a mais rara e desejada entre os vintage collectors.

Ela vestia o fascinante maiô de zebra.

Coleção da Brígida

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Conforme a identificação de Sarah Sink Eames, no seu livro "Barbie Fashion: The Complete History of the Wardrobes of Barbie doll, her friends and her family", esta imagem à direita, o maiô de zebra era produzido a partir de tricô e foi disponível pela primeira vez em 1959, porém continuou a vestir as bonecas até 1961. 

A Ponytail, a Barbie de rabo de cavalo, foi a primeira e teve sete variações diferentes. A segunda Barbie teve seu corte de cabelo reformulado, a Bubble Cut (1961) tinha o cabelo curto, porém as primeiras Bubble também vinham com o maiô de zebra. Incluir esta peça em todos estes lançamentos era a prova viva do sucesso que fazia com as crianças e do nascimento de um ícone fashion. 

♡ Babado ♡

Pelo que parece, a Barbie não era a única a querer brilhar com o animal print. Existe a lenda entre os colecionadores mais ávidos que um possível protótipo de sunga de zebra tenha sido criado para o Ken, mas a partir de uma iniciativa que não obteve sucesso e foi, então, arquivada. Anos mais tarde, o bafafá voltou ao mundo colecionista, quando um colecionador francês cadastrou no eBay.fr um anúncio de venda da mesma sunga que continha uma etiqueta e foi vendida por 70 euros. Que mistério! Seria esta sunga um item protótipo original da Mattel? Como ela pode ter chegado às mãos de um colecionador? 

E os acessórios que combinavam com o maiô?

Para esta pergunta, há resposta. Durante muitos anos, três itens indispensáveis acompanhavam o maiô de zebra, completando o glamour do visual e a naturalidade deste look barbíestico. 

Brincos de argola dourados, um par de sandálias pretas e os óculos de gatinho.

E aí, qual é a roupinha vintage da Barbie que vocês mais gostam? ♡

Até a próxima, darling !